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São Paulo / Saúde

Dr. Leonardo Quicole

Dr. Leonardo Quicoli, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Temos vivenciado a era da cultura disruptiva, que preconiza a inovação, criatividade e maximização de recursos em prol de maior produtividade e eficiência dos processos. Nada disto tem sido viabilizado sem a participação do capital intelectual, da inteligência emocional e da capacidade de motivação das pessoas. Em geral, todas estas demandas do mundo moderno convergem para a figura do CEO(Chief Executive Office), aquele profissional que tem o poder decisório, que desembarga as ações, mas que, por outro lado, muitas vezes sucumbe à sobrecarga das tensões e manifesta sua precária saúde cardiovascular.

     Ainda que no plano teórico, pouco se admite sobre margem de erros e falibilidade no universo de um CEO, o qual somatiza esta incomensurável responsabilidade, passando a frequentar emergências cardiológicas e a utilizar medicamentos de forma constante e desproporcional a suposta vitalidade de um comandante.

     A exacerbação desta angústia que caracteriza a rotina de um CEO, adquire extrema magnitude na vigência de uma pandemia avassaladora como a pandemia do Covid-19, a qual produz redução da produção, descapitalização, desemprego, escassez de insumos e prognóstico sombrio e indeterminado. O mesmo CEO, que já convive com tantas variáveis de difícil equacionamento, agora se depara com o sequestro de todas as suas forças produtivas devido a um ser invisível que simplesmente conseguiu fechar as portas do planeta.

     A saúde cardiovascular de um CEO não depende pura e simplesmente de uma prescrição de exercícios físicos e alguns medicamentos. Isto é inevitavelmente muito pouco. As atuais condições do planeta obrigam este CEO a ser mais contundentemente disrutptivo, sendo que, para isto, sua função cardiovascular deveria ser proporcionalmente mais plena.

  Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas  e manter o sono noturno estável  são medidas mínimas para que o CEO possa suplantar as dificuldades rotineiras e convencionais. Em época de pandemia do Covid-19, na qual as preocupações se insinuam cada vez mais intensas e a instabilidade para cumprimento de metas cada vez maior, tais medidas mínimas figuram como medidas míseras e redundantes.

   Do ponto de vista de uma saúde cardiovascular plena em tempos de pandemia, o CEO deveria aprimorar sua inteligência emocional e capacidade de tolerabilidade . Somente assim ele será capaz de mitigar a somatização das tensões e a manifestação  de sintomas cardiovasculares, tais como palpitações , dor precordial , falta de ar e tontura.

     O CEO precisaria estabelecer um algoritmo de condutas, um novo ” modus operandi” , ainda que no modelo de trabalho Home Office, que se coaduna com um padrão de inteligência emocional adequado. Para este propósito, hábitos saudáveis de vida são fundamentais mas não são suficientes. 

     Tomar decisões de forma mais ponderada, sedimentar melhor os argumentos, desenvolver o hábito de refletir mais e dar o tempo necessário para que os elementos do conflito se apresentem com clareza – eis alguns dos fatores insubstituíveis para um CEO que busca manter sua saúde cardiovascular plena e também um padrão constante de inteligência emocional nos negócios.

     A indeterminação dos fatos inerentes a pandemia do Covid -19 talvez seja a maior ameaça para a saúde cardiovascular de um CEO. Contudo, grandes oportunidades derivam de situações catastróficas. Dessa forma, o CEO deveria reunir forças suficientes, podendo contar inclusive com auxílio médico e psicológico , para manter-se firme no tocante a preservação da sua saúde cardiovascular e consolidação de um padrão estável de inteligência emocional . Somente assim será possível o enfrentamento de um momento único como esta pandemia do Covid-19, sem a ocorrência de repercussões cardiovasculares deletérias. 

Por: Dr. Leonardo Quicoli 

Cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein