Foi a partir de experiências junto a pessoas com deficiência, instituições culturais e equipes educativas que a artista visual e fotógrafa Karen Montija, que também é educadora e especialista em acessibilidade cultural, desenvolveu sua pesquisa de mestrado intitulada Picasso Pinta Feio: Proposta de acessibilidade à experiência estética com a arte por meio da mediação com pessoas cegas e com baixa visão em espaços culturais.
A dissertação foi apresentada no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e teve a orientação da professora Maria Christina Rizzi. O estudo teve como principal objetivo promover a integração e participação de pessoas cegas e de baixa visão em exposições de arte.
O estudo de Karen se dá em torno da criação e aplicação do que ela chamou de “Proposta de Acessibilidade e Experiência Estética (PAEE)” de exposições artísticas para deficientes visuais. A criação de uma experiência estética em artes visuais é, conforme o nome indica, pensada sobretudo para o público vidente, com espaço muito reduzido para outros sentidos.
“Por conta disso, as ações educativas para pessoas cegas em exposições de arte, tradicionalmente, acabam sobrepondo a informação à experiência estética”, conta a educadora. “A informação e a experiência estética não são rivais, elas têm que caminhar juntas, e não apenas uma ou a outra.”
O problema está em como proporcionar uma experiência estética a partir de uma obra que o visitante não consegue ver, ou seja, como fazer a obra de arte ser sentida. Para isso, a Paee propõe que sejam criadas novas formas de apresentar a obra. Ao invés de tentar fazer uma representação fiel da obra, são criadas possibilidades que exploram outros sentidos e perspectivas, como um enfoque histórico ou nas cores, por exemplo.
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