Por: Thiago de Moraes – Cientista Político, Jornalista, Ancora de TV e escritor
MTB 0091632/SP
Na sociedade contemporânea, a corrida em busca do ouro, seja ele literal ou metafórico, tornou-se a narrativa dominante de sucesso. Mas a que custo? O foco quase exclusivo no primeiro lugar tem obscurecido valores essenciais que compõem o cerne da nossa humanidade: a compaixão e a cooperação.
É inegável que a busca pela excelência pode impulsionar o progresso e a inovação. No entanto, a obsessão por ser sempre o melhor revela uma falha crítica em nossa estrutura social e emocional. Ao idolatrarmos o vencedor, frequentemente marginalizamos aqueles que chegaram em segundo ou terceiro lugar, ou ainda, aqueles que simplesmente decidiram jogar conforme suas próprias regras.
Essa busca incansável pelo pódio nos conduz a uma reflexão mais profunda: por que somos tão obcecados pela perfeição? A perfeição, como miragem que perpetuamente se desloca no horizonte, nos seduz com a promessa de satisfação plena, que, inevitavelmente, nunca é alcançada. Em nossa cultura, erros são frequentemente vistos como fracassos, ao invés de serem reconhecidos como fundamentais ao aprendizado e ao crescimento humano.
Nesse processo, valores como compaixão e cooperação ficam em segundo plano. Em um mundo ideal, a ênfase não estaria apenas nos resultados, mas no processo colaborativo que leva a esses resultados. A verdadeira maestria não reside apenas em superar os outros, mas em elevar-se junto com eles. Como poderíamos, então, redefinir nossa concepção de sucesso para abraçar uma perspectiva mais inclusiva e menos destrutiva?
Precisamos começar por ampliar nossa visão de mundo e valorizar histórias de cooperação e resiliência tanto quanto celebramos as de conquista individual. A mídia tem um papel crucial nesse aspecto, oferecendo visibilidade a todas as formas de sucesso e falha, e incentivando uma cultura de aprendizado mútuo e suporte.
É hora de questionar: estamos construindo uma sociedade que idolatra o produto final em detrimento do bem-estar coletivo? Se continuarmos nessa trajetória, o custo humano de nossa “auto-destruição” por negligência aos nossos valores mais fundamentais pode ser irreversível.
Assim, convido todos, como indivíduos e como sociedade, a refletir sobre essas questões e a considerar um novo paradigma, onde o sucesso é medido não apenas pelo resultado, mas pela integridade do processo e pelo bem-estar coletivo. Ao fazermos isso, talvez possamos resgatar o que realmente importa: nossa humanidade.