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São Paulo / Economia

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Ao todo, mais de 700 moradias definitivas serão entregues entre outubro e dezembro

O Governo de São Paulo segue empenhado em apresentar soluções para atender as famílias do Litoral Norte atingidas pelas fortes chuvas em fevereiro deste ano. Seis meses após o episódio, dez prédios com tecnologia sustentável já foram erguidos no bairro Baleia Verde, em São Sebastião. As construções em Maresias também estão em fase avançada. Ao todo, mais de 700 moradias definitivas serão entregues entre outubro e dezembro. O investimento do Estado em novas habitações é de R$ 210 milhões.

Enquanto as moradias são construídas, as famílias afetadas contam com residências provisórias da Vila de Passagem, em São Sebastião, e com apartamentos da CDHU, em Bertioga. Para ajudar a reconstruir a economia na região, o governo paulista disponibilizou R$ 450 milhões em crédito para fortalecer o turismo e o empresariado que vive dessa atividade econômica.

“O Governo de São Paulo tem trabalhado sem parar nos últimos seis meses para reconstruir moradias e infraestrutura no Litoral Norte e garantir dignidade às famílias atingidas. Investimos em novas tecnologias para agilizar as entregas de casas e apartamentos, reduzindo o tempo de construção e garantindo a qualidade, a segurança e o conforto das edificações”, destaca o governador Tarcísio de Freitas, que ainda acrescentou: “Sabemos que a atuação do Estado é decisiva para dar esperança às pessoas que precisam do apoio do poder público para retomar suas vidas. Estamos presentes desde o primeiro dia e não vamos parar de trabalhar até que o Litoral Norte volte à normalidade”.

No total, o conjunto de ações soma mais de R$ 800 milhões investidos na recuperação de toda a região atingida. “Nestes seis meses temos uma ação muito grande e multidisciplinar. A presença do governador nas primeiras horas após o evento já fez uma grande diferença, quando ele trouxe seu secretariado para São Sebastião e coordenou o gabinete de crise, indo aos locais, buscando entender o que aconteceu e dando alento às famílias enlutadas. Essas abordagens foram muito importantes”, afirma André Porto, secretário estadual da Gerência de Apoio do Litoral Norte de São Paulo.

“Investimos em novas tecnologias para agilizar as entregas de casas e apartamentos, reduzindo o tempo de construção e garantindo a qualidade, a segurança e o conforto das edificações”, destaca o governador Tarcísio de Freitas

Baseada em São Sebastião, a Gerência de Apoio foi criada para coordenar toda a reconstrução das regiões atingidas. “Estamos buscando que o ambiente do Litoral Norte se transforme em um case de boas políticas públicas”, completa Porto.

A gestão estadual ainda liberou R$ 7 milhões para auxílio às cidades afetadas e arrecadou mais de 480 toneladas de alimentos doados. As obras de recuperação se estendem por toda a região, especialmente nos grandes acessos, como a Rodovia Mogi-Bertioga, liberada em apenas duas semanas.

A escola estadual Plínio Gonçalves, em Juquehy, diretamente afetada pela lama das inundações, está sendo reconstruída com tecnologia de edificação pré-moldada. O início da montagem está previsto para novembro, com duração de 3 semanas. O Governo de São Paulo também anunciou a criação da nova escola municipal Nair Ribeiro, utilizando o mesmo método construtivo.

Moradias definitivas

Desde o início dos trabalhos para atendimento emergencial, houve análise de área apropriada para a construção, desapropriações, desenvolvimento de projetos, trabalhos de estabilização do terreno e fundação, até chegar à fase atual, da edificação.

As dez torres já erguidas no bairro de Baleia Verde têm 16 apartamentos cada e um total de 160 unidades. No total, o conjunto será composto por 30 prédios de quatro pavimentos, 20 casas térreas, 18 unidades adaptadas para pessoas com deficiência e quatro centros de apoio ao condomínio. Os imóveis terão dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro, distribuídos em 41 m2 de área útil.

Essas construções contam com a tecnologia “wood frame”, uma construção pré-fabricada na qual os módulos saem prontos da fábrica, necessitando apenas a montagem no local da instalação. Com essa técnica inovadora, largamente utilizada no exterior, especialmente em países e áreas sob condições meteorológicas extremas, há certificações que demonstram isolamento térmico e acústico adequados e que atendem as normas técnicas de desempenho (NBR), em parâmetro equivalente às tradicionais casas de alvenaria.

Outras 186 unidades estão sendo feitas no bairro de Maresias. O sistema construtivo deste empreendimento é alvenaria estrutural. O residencial contará com quatro prédios de quatro pavimentos e dois centros de apoio ao condomínio. Com 44 m2 de área útil, os apartamentos terão dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro.

Vila de Passagem

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação já entregou 72 unidades provisórias na Vila de Passagem, no município. Também disponibilizou 300 unidades do Condomínio Quaresmeiras para o atendimento provisório destas famílias, em Bertioga. A CDHU mantém equipes em São Sebastião e Bertioga para o atendimento das famílias que viviam nos imóveis atingidos ou condenados pelos deslizamentos.

“A nossa preocupação em dar uma pronta resposta foi um alento para as pessoas que, de uma hora pra outra, perderam bens e se viram em situação de fragilidade. E isso não se resume à atuação nos primeiros dias da emergência, mas se manteve na agilidade de construirmos as moradias definitivas para que esses cidadãos possam reconstruir suas vidas de maneira digna”, destaca o secretário da SDUH, Marcelo Branco.

É exatamente esta a situação de Cildomar Alves Faria, que pela primeira vez desde que emigrou da Bahia para o litoral paulista, vê mais próximo o sonho de ter uma casa própria e regular. Alojado na Vila de Passagem, em São Sebastião, Cildomar e familiares fazem parte das mais de 700 famílias que começam a receber em outubro as moradias construídas pelo Governo de São Paulo, com escritura definitiva e em condomínios fora de áreas de risco.

“Tenho passado esse tempo apreensivo com tudo o que aconteceu, mas esperançoso. Agora, vamos ter a nossa casa. E só vamos pagar um valor baixo por mês, mas pelo menos vou pagar uma moradia em que vou ficar o resto da vida. Desde que cheguei à cidade, trabalhei de segunda a segunda, mas nunca consegui ter algo meu”, conta.

Mais de 30 quilômetros distante de onde morava, Cildomar diz que a proximidade do centro da cidade tem facilitado sua rotina, já que possui mobilidade reduzida após perder a perna num acidente de moto no final do ano passado. Agora, ele quer continuar no bairro. “Aqui, estou perto de tudo e fui muito bem acolhido”, narra.

As agora amigas Sheila e Nátila também estão gostando de morar mais perto do centro. As duas, acompanhadas de suas famílias, aguardam um apartamento em um dos condomínios em construção na região.

Sheila de Assis tem 25 anos e sempre morou em Cambury. Antes das chuvas, trabalhava como auxiliar de escritório em um restaurante e fazia bicos de cabeleireira. Agora, ela aguarda a entrega das casas definitivas para reorganizar a vida e voltar a atender.

Ela e a mãe tiveram as moradias atingidas. Agora, as duas vão ter direito a um apartamento próprio. “Estou aliviada e poderei dormir mais tranquila. Minha casa já tinha alagado uma vez, passei três anos dormindo com medo”, conta.

Nátila Gomes, de 24 anos, também vive essa espera com um misto de sentimentos. A casa em que morava era a última do morro conhecido como Tropicanga, construída abaixo do nível da rua. Agora, ela planeja procurar emprego como confeiteira para pôr em prática o curso profissionalizante que fez no mês passado. “Lá tem bastante oportunidade de emprego, posto de saúde e escola”, diz.

Vila Sahy

A Vila Sahy, localidade mais afetada pela tragédia, ganhará um novo plano urbanístico, com recuperação ambiental, eliminação de riscos geotécnicos e implantação de infraestrutura para transformar o local em um bairro novo.

Para auxiliar nestas ações de intervenção, o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), do Governo do Estado, está fazendo o mapeamento aerofotogramétrico com resolução de 25 centímetros da área mais atingida no litoral sul de São Sebastião.

Um helicóptero com equipamento de alta precisão realizou, ainda em fevereiro, o mapeamento aéreo de 100 quilômetros quadrados, compreendendo o trecho entre Barra do Una e Boiçucanga, incluindo o morro da Praia Brava, entre Boiçucanga e Maresias. A área, já incluída no escopo dos projetos de mapeamento em andamento no IGC em prazo emergencial.

Esse mapeamento possibilitou a análise da área atingida e a comparação com o mapeamento realizado pela Prefeitura de São Sebastião em 2022, que retrata a situação antes das chuvas ocorridas em fevereiro.

A SDUH trabalha ainda em estudo para a construção de novos empreendimentos na região para combater o déficit em todo o Litoral, com ênfase nas áreas de risco.

Recuperação de rodovias e na rede de água

Além da construção das casas, o Governo de São Paulo também está investindo na recuperação de estradas e encostas na região. As equipes da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística atuaram em diferentes frentes para acelerar o ritmo das obras e liberar o tráfego nas rodovias Rio-Santos (SP-055) e a Mogi-Bertioga (SP-098).

A rodovia Mogi-Bertioga, uma das mais comprometidas após o rompimento de uma galeria, teve o tráfego retomado em 15 dias após a tragédia. Os trabalhos na rodovia já foram concluídos, com investimento de R$ 9,4 milhões.

Já a rodovia Rio-Santos não possui interdições e continua em obras, com previsão de conclusão para o final de agosto, e investimentos de R$ 57,1 milhões.

As redes de água voltaram a funcionar e obras emergenciais foram executadas. A Sabesp iniciou obras no valor de R$ 29 milhões para elevar o índice da cobertura de abastecimento de água do município para 97%, até o fim do ano, o que beneficiará 30 mil pessoas nos bairros do Barra do Sahy, Baleia e Camburi/Camburizinho. Ao todo já foram realizados 44% do prolongamento de rede de água nos bairros do Litoral Norte.

A Sabesp isentou do pagamento de contas mais de 600 famílias de São Sebastião que têm o benefício das tarifas Residencial Social e Residencial Vulnerável.

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