O I Fórum da Mulher Paulista, evento organizado pela Secretaria de Políticas para a Mulher do Governo do Estado de São Paulo, foi realizado nesta quarta (20) e quinta-feira (21) e debateu os principais tipos de violência que afetam as mulheres e como acontecem os ciclos dessas agressões. O evento reuniu cerca de 800 pessoas.
No primeiro dia de programação, especialistas da área jurídica e da segurança pública ministraram palestras sobre assédio moral no ambiente profissional e as violências física, psicológica e patrimonial. Demonstrações práticas dessas situações também foram representadas na peça teatral “Faces da Violência”, apresentada pela Cia Nissi, companhia artística com 23 anos de experiência.
Em relação ao assédio moral, Angela Gandra Martins, advogada e doutora em direito, comentou sobre a importância de agregar homens para transformar a cultura. “Isso não muda de uma hora para outra. Precisamos de políticas públicas compositivas, de corresponsabilidade no lar, com diálogo para compor e construir uma nova sociedade”, explicou.
A delegada de Polícia do Estado de São Paulo e coordenadora das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher do Estado de São Paulo, Jamila Jorge Ferrari, falou sobre violência física.
“O ciclo da violência precisa ser rompido. Muitas mulheres não registram ocorrência por medo ou mesmo por não identificarem as agressões como algo sério. É a partir da denúncia que conseguimos oferecer ferramentas de apoio e proteção para essas mulheres”, afirmou, defendendo a importância da evolução nos registros para a consolidação de políticas públicas efetivas.
Já a delegada Monique Patricia Ferreira Lima, da 6ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), abordou os casos que afetam principalmente questões emocionais e psíquicas.
“A mulher, muitas vezes, não se identifica como vítima da violência psicológica e é até desincentivada a fazer uma denúncia, pois é um tipo de agressão mais sutil. Porém, ela pode ser a porta de entrada para outros tipos de agressões”, comentou.
Diretora adjunta da OAB Pinheiros e coordenadora das Comissões da Mulher da Zona Oeste, Alessandra Caligiuri Calabresi Pinto, apresentou diversos pontos sobre a violência patrimonial.
“Controlar o dinheiro gasto, obrigando-a a fazer prestação de contas, mesmo quando ela trabalhe fora; queimar, rasgar fotos ou documentos pessoais são reflexos desse tipo de violência”, explicou a especialista na área da Mulher e Direitos Humanos.
As situações de violência virtual, cada vez mais recorrentes, também foram apresentadas no primeiro dia do evento.
“Invadir ou mesmo quebrar celular e/ou computador, assim como fotografar/filmar cenas de nudez ou sexo sem autorização são alguns dos exemplos mais marcantes”, revelou a advogada e professora em Direito Digital, Valéria Cheque.
A programação prosseguiu nesta quinta-feira (21) e teve palestras sobre violência moral, sexual e política, além de um workshop da secretária de Estado de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes, sobre como implementar Organizações de Políticas para as Mulheres (OPMs) municipais.
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