O público pode conferir a exposição de cinco trabalhos de quatro Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) do Centro Paula Souza (CPS) na 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Ao todo, a mostra reúne 218 trabalhos de estudantes da educação básica de todo o país, no campus Butantã, da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Os vencedores serão divulgados na sexta-feira (22).
Confira os projetos finalistas do Centro Paula Souza:
Filtro sustentável a partir da casca do amendoim
A Etec Irmã Agostina, da capital, concorre na categoria Ciências Exatas e da Terra com o projeto Carvoamento: síntese de carvão ativado a partir de cascas de amendoim para absorção do corante azul de metileno. O grupo formado por Felipe Pinheiro, Gisele Jonsson da Fonseca e Gisle de Oliveira Alves utiliza casca de amendoim, um refugo agrário, para obter o carvão ativado capaz de retirar dos lençóis freáticos o azul de metileno, corante amplamente utilizado por vários setores da indústria, como o têxtil. “O carvão produzido de forma sustentável poderia substituir o industrial e tem potencial para ser também o filtro para alguns agrotóxicos”, explica Felipe. “Para esses testes, porém, seria necessário um pequeno aporte financeiro”, avisa.
Possibilidade de comunicação para portadores de ELA
Rastreamento do movimento ocular utilizando visão computacional para auxílio na comunicação de pacientes com esclerose lateral amiotrófica (ELA) é o finalista da Etec Profª Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires. “Utilizamos técnicas de inteligência artificial (IA) para tornar possível a comunicação de pessoas com ELA por meio do olhar”, explica Raíssa Bespalec Daloia, que elaborou o projeto com Pedro Nicolas Costa e Laura Esther Correia Jerônimo. A ideia surgiu quando o grupo conheceu um menino de doze anos com uma síndrome tão limitante quanto a ELA. O adolescente testou o programa, que exibe um teclado virtual na tela de um laptop. As letras são selecionadas por meio de piscadas, formando palavras e frases completas. “O programa deve rodar em qualquer equipamento”, lembra Esther, atestando a intenção de torná-lo acessível ao maior número possível de pessoas.
Prótese acessível devolve movimentos
Outro projeto inspirado em alguém próximo ao aluno é um dos dois finalistas da Etec Bento Quirino, de Campinas. Prótese para reabilitação motora de membros superiores amputados, de Samuel Andrade da Silva Lenso, nasceu da convivência com um colega e amigo que nasceu com uma deficiência em que o seu braço direito não se desenvolveu. “A prótese lê o sistema nervoso, feito a partir de um sensor eletromiográfico, que faz a leitura do pulso elétrico do cérebro que passa pelo sistema nervoso. Essa leitura é transformada em código, fazendo a prótese se mover”, explica o estudante. O protótipo já alcançou seis graus de liberdade – forma como se quantifica a possibilidade de movimentos. “As próteses convencionais têm entre três e quatro graus”, diz o aluno, que se valeu de uma placa de arduíno (palataforma constituída de hardware e software que permite a realização de diversos projetos tecnológicos) e uma impressora 3D.
Rádio do futuro
Também da Etec Bento Quirino, Rádio: passado e presente e futuro Web, do grupo formado por Renan Lima Ribeiro Pinto, James Reis Fiorelli Venturini e Carlos Miguel Marques Biudes nasceu durante as comemorações dos cem anos do rádio, em setembro de 2022. Hoje, o projeto evoluiu para uma frente mais ampla: transmissão de rádio via web. Se a comunicação de rádio pela internet já é uma realidade, a proposta dos estudantes a torna factível para qualquer pessoa que deseje criar a sua estação, apontando o futuro desse meio de comunicação centenário.
Em prol da tolerância religiosa
Fantoches e aprendizagem: conhecer e respeitar as religiões de matriz africana é o finalista da Etec Trajano Camargo, de Limeira. Beatriz Carlos Barreto e Ana Clara Alves Deluca têm levado a alunos do Ensino Fundamental da cidade o seu teatro de fantoches. A cada apresentação, a dupla esclarece os equívocos mais comuns a respeito dessas religiões. “Queremos falar com as crianças, porque é preciso crescer com a mente mais aberta”, diz Ana Clara.
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