O mundo inteiro testemunhou Rebeca Andrade conquistar o ouro na disputa do solo nesta segunda-feira (5), nos Jogos Olímpicos de Paris. Mas só alguns privilegiados tiveram a chance de ver Rebeca aos 10 anos de idade levar o ouro em duas das mais importantes competições do calendário esportivo da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.
Em 2009, a pequena Rebeca integrava o time de ginástica artística do Ginásio Bonifácio Cardoso, um projeto social coordenado pela Prefeitura de Guarulhos. Ela era treinada pela dupla Kelly e Chico, que se mudaram para Curitiba e deixaram com o professor Osmar Fagundes de Oliveira, o Junior, a incumbência de dar continuidade ao trabalho de lapidação da joia.
“A Rebeca chegou ao projeto aos 4 anos. Trabalhamos juntos em 2009, quando ela tinha 10 anos. Ela sempre foi muito acima da média em todos os aspectos. Ainda criança já demonstrava muita potência, flexibilidade e consciência do corpo dela no espaço. São características que a diferenciavam das outras ginastas. Além disso, ela sempre foi uma menina alegre, brincalhona”, conta Junior.
Foi uma parceria breve, de um ano apenas, mas com ótimos resultados. A começar pelos títulos nos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior, em São Caetano do Sul. Além disso, venceram o Campeonato Paulista e ficaram na segunda posição no Campeonato Brasileiro Pré-Infantil.
“Os Jogos [Abertos do Interior e Regionais] são muito importantes, principalmente para os atletas que estão começando. São campeonatos para adquirir experiência, testar os seus próprios limites. Os [Jogos] Regionais de 2009 foram uma das primeiras vezes em que a Rebeca viajou em equipe, alojou com outras ginastas”, lembra Junior.
Em 2011, Rebeca arrumou as malas e se mudou para o Paraná. No ano seguinte, tornou-se atleta do Flamengo, clube em que permanece até hoje. Aos 25 anos, ganhou 18 títulos de alto nível, incluindo três Mundiais e duas Olímpiadas, e se colocou como um dos maiores nomes da história da ginástica artística.
“Lembro que quando a Rebeca surgiu muitos a chamavam de ‘Daianinha de Guarulhos’, mas pra mim ela sempre foi a Rebeca. Quando competíamos, eu já vislumbrava que ela chegaria onde chegou. Sinto-me parte desse processo, mas a construção da Rebeca bicampeã olímpica é coletiva, feita pelas mãos de ótimos profissionais”, finaliza o orgulhoso ex-técnico.
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