A era do aquecimento global acabou; estamos na era da ebulição global”. Quando o alerta de António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi dado, no fim de julho deste ano, o Centro Paula Souza (CPS) já havia colocado em prática ações concretas para reduzir emissões de CO2 e elevar os níveis de eficiência energética nas suas dependências. E com ótimos resultados.
O Programa de Eficiência Energética, Tecnologia e Sustentabilidade (Pets), criado pela Unidade de Infraestrutura (UIE) em 5 de junho de 2021, soma ações que vão da revisão de contratos com as concessionárias de energia nas 227 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e 77 Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) à instalação de placas de geração de energia fotovoltaica e incursões no mercado livre de energia. Também inclui de pequenas correções estruturais à criação de padrões que visam uma pegada mais sustentável para as futuras construções.
Das placas fotovoltaicas à revisão dos contratos
A implantação dos sistemas de geração de energia fotovoltaica já contemplou quatro Etecs: José Sant’Ana de Castro, de Cruzeiro, Bento Quirino, de Campinas, Rubens de Faria e Souza, de Sorocaba e Etec de Itapevi. O projeto, que está em fase de desenvolvimento, chegou à Fatec Franco da Rocha e as obras já começaram na Etec Philadelpho Gouvea Netto, de São José do Rio Preto, com pretensão de ser concluído ainda este ano.
De acordo com o monitoramento realizado em 2023, a redução de energia nessas unidades ficou entre 10% e 22%. A economia se traduz também em cinco toneladas de CO2 que deixaram de ir para a atmosfera.
Para viabilizar a iniciativa, a UIE recorre aos chamamentos públicos. Funciona da seguinte forma: as concessionárias de energia destinam 0,5% de sua receita bruta a programas de eficiência energética. É essa verba que o CPS pleiteia. A instituição já obteve, do início do projeto até julho, o valor de 1,9 milhão de reais investidos em suas unidades.
Outra frente de atuação resultou em uma economia de 927 mil reais em 2022. Trata-se da análise dos contratos com as concessionárias de energia de todas as dependências do CPS, a fim de apontar possíveis ajustes. “Identificamos 90 unidades com potencial para a redução de demanda e refizemos esses contratos”, conta Bruna Fernanda Ferreira, coordenadora da UIE.
O engenheiro Joel Moraes, gestor do programa, explica o que isso significa em termos leigos: “Imagine que você compra 100 kW e percebe que usa apenas 30. Você refaz o contrato para pagar apenas por esses 30 kW. Mas, se o gasto subir, você paga uma multa – e ela costuma ser alta. Por isso precisamos revisitar constantemente esses contratos.”
Estudantes envolvidos
Faz parte do programa trazer o engajamento dos alunos para as ações. Um hackathon (maratona de programação) deve envolver os estudantes com o objetivo de criar um projeto-piloto de iluminação automatizada para a Sede Administrativa do CPS, localizada na Capital. O evento deve acontecer entre o fim de 2023 e início de 2024.
“Estamos falando de um movimento estratégico, no sentido de reduzir gastos e maximizar recursos. Um dia, a responsabilidade ambiental não será uma opção e nós estaremos na vanguarda”, analisa Moraes. Ele lembra outra área estratégica do programa: o consumo de água. Algo simples, como a comparação do consumo mês a mês, já é capaz de evitar gastos desnecessários. A equipe de Moraes conseguiu, em apenas duas semanas, uma economia de 58 mil reais apenas com esse expediente – feitos os reparos no encanamento de algumas unidades, estava sanado o problema.
O Pets conta com a colaboração de outras coordenadorias do CPS: Unidade de Gestão Administrativa e Financeira (Ugaf), Comissão Permanente de Jornada Integral (CPRJI) e Inova CPS, além de alunos e docentes de Etecs e Fatecs.
Bate-papo no podcast
Importante destacar que outra frente de trabalho adotada pelo Pets é o mercado livre de energia, que está em fase de estudo no CPS. Essa modalidade de escolha de recursos energéticos existe desde 1995, mas ainda não é muito conhecida – e está entre as estratégias adotadas pela UIE.
O mercado de energia no Brasil é formado por dois modelos: Ambiente de Contratação Regulada (ACR), que abarca os chamados consumidores cativos, vinculados obrigatoriamente a um fornecedor, e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), onde transitam os consumidores que escolhem de que comercializadora comprar energia, com a prerrogativa de definir os valores, prazos e outras cláusulas contratuais. Na União Europeia, por exemplo, só há mercado livre. No Brasil, porém, é preciso ser um alto consumidor para fazer essa migração.
O mercado livre de energia foi o assunto do primeiro PodPets, o podcast que estreou no dia 18 de agosto e deve ir ao ar a cada quinze dias, sob a batuta de Moraes. “Queremos divulgar as boas práticas que desenvolvemos no CPS na nessa área. Vamos abordar temas complexos e esmiuçá-los; quem é leigo pode fazer suas perguntas e um especialista responde de forma clara e acessível, como em um bate-papo descontraído”, conta o engenheiro. O segundo episódio foi ao ar dia 1 de setembro, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube, com abordagem do tema “Água e sustentabilidade – os desafios do século XXI”. Para acompanhar a programação e novidades do projeto, siga o perfil oficial no Instagram.
Sobre o Centro Paula Souza – Autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro Paula Souza (CPS) administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos, sob supervisão de uma Etec –, em cerca de 360 municípios. As Etecs atendem mais de 226 mil alunos nos Ensinos Técnico, Integrado e Médio. Nas Fatecs, o número de matriculados nos cursos de graduação tecnológica supera 96 mil estudantes. Além dos cursos técnicos e superiores de tecnologia, a instituição oferece Formação Continuada e Pós-graduação (stricto sensu e lato sensu).
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