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São Paulo / Saúde

 

Foto: divulgação

Por Maria Flávia Bernardes, psicóloga

“Não tenho tempo…” Quantas vezes falamos essa frase, sem ao menos considerarmos que tempo é uma questão de prioridade e que na grande maioria das vezes, fazemos muitas coisas, mas não nos conectamos com nenhuma delas. Agimos no automático, decidimos na pressão e estamos o tempo todo correndo justamente contra esse tempo.

Falando na primeira pessoa, um dos maiores insights e lições que tive durante todo esse tempo de pandemia e isolamento social foi a preciosidade que é desenvolver uma conexão com o tempo presente. Viver, verdadeiramente, o poder do agora.

Nós não temos o hábito de nos conectarmos com o que realmente estamos experienciando, não somos ensinados a prestar atenção profundamente nas tarefas executadas, nos sorrisos recebidos, nos abraços e beijos dados, nas ações simples de nosso cotidiano, como escovar um dente, fazer uma refeição, lavar as mãos, deixar a água correr pelo nosso corpo… É ou não é verdade, que enquanto executamos tais tarefas, ora estamos presos nos acontecimentos do passado, ora estamos idealizando o tempo futuro?

Manter o foco no presente, degustar e se conectar intensamente com o que somos, fazemos e temos hoje, é um hábito incomum porém libertador. Ao fazer esse movimento eu me conecto comigo, eu minimizo a minha ansiedade e assim, somente assim, eu consigo vislumbrar possibilidades. Possibilidades para me reinventar, possibilidades para ressignificar meus padrões que me impedem de crescer, evoluir e prosperar!

A incerteza do futuro causada pela pandemia “me rouba de mim”, me abastece com a terrível sensação de que não estou no controle da minha vida. E verdade seja dita, só é possível minimizar esse GAP da incerteza quando eu me desprendo do futuro e concentro toda minha energia e foco no que estou criando e vivenciando hoje, pois assim, a sensação necessária de controle acaba voltando para mim e, consequentemente, eu consigo acalmar o que se passa aqui dentro, mesmo sabendo que um furacão acontece lá fora.

Outra grande lição que pude aprender nesse tempo de adversidade foi uma lição bem simples, mas nem tão agradável assim: aquilo que somos em tempos de adversidades nos revela exatamente quem somos na vida. Pergunte-se: quem foi você durante essa pandemia? Você paralisou ou se movimentou? Lamentou ou se reinventou? Reclamou ou agradeceu?

Maria Flávia Bernardes, psicóloga

Eu vi gente tirando toda a força do mundo para conseguir se movimentar e ressignificar sua história, mas vi também pessoas colecionando justificativas para permanecerem exatamente como estavam. Acompanhei a jornada de pessoas que buscaram se reinventar, se conhecer e explorar o máximo de si, mas ouvi muitas lamentações, reclamações e pessoas se vitimizando pelo cenário não ser exatamente o que gostariam que fosse.

Ouvi gente reclamando pelo trabalho não ser mais o mesmo e, ao mesmo tempo, acompanhei aqueles que agradecem por simplesmente ter onde trabalhar. Vi quem não suportou a própria companhia e vi os que aprenderam a lidar com a ansiedade construindo novos hábitos. O mais curioso de tudo isso, foi que os padrões eram os mesmos com ou sem pandemia. Os reclamões, reclamaram. Os vitimistas, se vitimizam. Os realizadores, realizaram. Os ativos moveram-se. E, se tem uma grande lição nisso tudo é a de que: nos momentos de adversidades e crises, potencializamos aquilo que realmente somos.

São inúmeras, supérfluas e faladas as lições deste último ano. Aqui dentro do meu coração surgiu a necessidade de compartilhar com vocês questões menos óbvias e mais profundas do que realmente podemos extrair e refletir sobre nós mesmos. Quem não toma consciência dos próprios padrões, jamais poderá transformá-los.

A pandemia segue, o isolamento segue, mas aqui não seguiremos sendo exatamente como sempre fomos. Que as lições façam sentido para você, assim como têm feito para mim. Que causem em você um despertar para consciência e evolução como têm causado em mim.

Um beijo em seu coração!